terça-feira, 1 de janeiro de 2013

Vriesea platynema var. flava



Atenção:
por ter atingido a ocupação de imagens máxima permitida num primeiro blog com outro endereço, a espécie correspondente ao mês de Dezembro de 2012 terá continuidade neste blogue . Este facto condicionará a leitura das espécies já publicadas, facto pelo qual peço desculpa.
Descubra mais em http://atlasdeexoticascultivadasemportugal.blogspot.pt/
obrigado



Este blogue é uma constante fonte de informações e conselhos, em permanente crescimento, com novas espécies de exóticas frequentemente introduzidas e apresentadas todos os meses. Não deixe de visitar e descobrir as novidades com regularidade!






Vriesea platynema var. flava Reitz, Anais Bot. Herb. "Barbosa Rodrigues" 4: 15 (1952).

Vriesea platynema Gaudich., Voy. Bonite, Bot. 3: t. 66 (1843).
 






A nossa atenção não pode deixar de se prender na Vriesea platynema var. flava cujas folhas verde claro são rematadas com uma coloração avermelhada muito atraente. Será esta a espécie principal, a partir da qual as informações aqui referidas se desenvolverão. Paralelamente, a Vriesea platynema será abordada, por estar directamente relacionada com a primeira. Apesar as duas espécies de serem reconhecidas separadamente por Kew Royal Botanical Gardens, botânicos taxonomistas brasileiros defendem que Vriesea platynema var. flava é sinónimo de Vriesea platynema,( in: https://sites.google.com/site/florasbs/bromeliaceae/vriesea-sp-1)

Em cima, foto não do autor de uma extraordinária Vriesea platynema var. flava. Em baixo, um lindíssimo exemplo de uma Vriesea platynema em floração. Foto não do autor.

A dado momento, surgiu no mercado português, muito por força das grandes superfícies comerciais esta espécie de Vriesea. Desconhecida pelo público em geral, esta bromélia é bastante popular entre os produtores de plantas. Trata-se da Vriesea platynema var. flava. Por certo iremos descobrir uma enorme divergência de opiniões sobre a sua verdadeira identidade. É muito provável que encontre a mesma planta sob a designação de Vriesea platynema e não me dirá respeito decifrar, na realidade, qual estará, na verdade, correcta. O que me importa é dar a conhecer informação sobre a melhor forma de cultivar esta espécie. Existe uma diferença biológica entre as duas espécies, naturalmente. Contudo, irei referir-me para ambas do mesmo modo, sem distinções. Esta escolha prende-se somente com o facto de ser desinteressante analisar cada espécie individualmente, uma vez que não encontro qualquer pormenor que se aplique a qualquer uma em particular, do ponto de vista do seu cultivo nos ambientes climatéricos do nosso país.

Por outro lado, os comentários desenvolvidos para a Vriesea gigantea são rigorosamente válidos para esta espécie. Em tudo são aplicados à Vriesea platynema var.flava e Vriesea platynema, sem excepção. Somente na descrição da dimensão da planta, bem como a sua origem, é que diferem ligeiramente. No seu ambiente natural, os exemplares chegam a 1 m de altura e as suas folhas rígidas com um padrão que lembra uma rede, renda ou grelha de cor vinácea com terminais arroxeados, são relativamente largas. Encontramos inúmeros cultivares criados a partir desta espécie o que poderá confundir-nos um pouco quando desejamos identificar com rigor os diferentes indivíduos. A floração é, à semelhança da maior parte das espécies do género Vriesea, bastante elevada e erecta. A haste floral é vistosa, com uma coloração vermelho forte a rosado, sobretudo nos cultivares mais comerciais e as flores possuem pétalas amarelas.







Imagens do exemplar que mantenho no meu jardim, em cima. Durante o mês de Maio lançou uma bela haste floral rosada e cujas flores despontaram durante o início do Verão. Em Setembro, na foto em baixo, a haste secou. A floração é menos vistosa que nos exemplares encontrados no seu habitat natural, porém, esta sua maior discrição não passa despercebida. Fotos do autor de 2011.


A Vriesea platynema var. flava é oriunda de algumas regiões do Brasil, como os estados mais meridionais daquele país; Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Os dados de Kew Botanical Gardens afirmam que a espécie Vriesea platynema tem como território nativo uma extensa região que abrange desde as caraíbas (Cuba, Jamaica e Trinidade ou Trindade e Tobago) passando pela Venezuela, Guianas, Brasil litoral até ao norte argentino, na província de Misiones. Isto confere uma extraordinária capacidade para esta bromélia de se adaptar a variadas características climatéricas, sobretudo a um amplo leque de temperaturas. Veja as zonas atribuídas a esta espécie de acordo com o índice utilizado de pelo USDA [1] Zona 9a: -6.6 °C a -3.8ºC, Zona 9b: -3.8 °C a -1.1ºC, Zona 10a: -1.1 °C a 1.7ºC, Zona 10b: 1.7 °C a 4.4ºC , Zona 11: acima de 4.5 °C.

Assim conclui-se que para esta planta atribuem-lhe desde a zona 9a até à zona 11 baseado em comentários de particulares e alguns investigadores a assegurarem que os seus exemplares suportaram temperaturas até -6º C durante algumas horas. [2] Na realidade, estes valores tão baixos reportam-se a situações de frio seco e sem se verificar geada. Quando a formação de geada ocorre, as plantas suportam valores ambientais de temperatura até aos 3,5º C sem serem grandemente afectadas.

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1. USDA ou United States Department of Agriculture, através do departamento de pesquisa agrícola elabora anualmente uma carta onde assinala as zonas climáticas divididas por classes ou categorias. Servem de referência para o cultivo das espécies numa determinada localização, sempre baseado nos registos de temperaturas mínimas absolutas colhidas num período específico. A carta tem uma escala dividida em 12 zonas que por sua vez são subdivididas em classe ‘a’ e ‘b’.
2.http://fcbs.org/articles/ColdHardyBroms.pdf Tom WOLFE, Tom; KAHL, Cold Sensitivity of Some Bromeliads http://fcbs.org/articles/cold_sensitivity_of_bromeliads.htm Jenkins, Dale W., Sarasota Bromeliads Society

Transcrevo as palavras de um comentário sobre o tema das bromélias resistentes ao frio, como é o caso desta, redigido por um norte-americano, embora o fórum de conversação tenha origem num sítio de jardinagem inglês e que confirma a teoria de reagir bem às baixas temperaturas;

My location is in the foot hills of the Ranges in Mid NSW.
We get temps down to -6 C and up to 45 C.
We don't have very long winters 10-12 weeks is about all.
But it does get very cold.
We have wet summers and dry winters mostly.
All plants are grown under shade cloth (50% green)
Moro junto a um sopé de uma colina onde se verificam temperaturas até -6ºC e no extremo, 45ºC. Não temos Invernos prolongados, pois duram entre 10 a 12 semanas. Porém faz bastante frio. Os Verões são húmidos e os Invernos secos. Todas as minhas plantas são cultivadas debaixo de uma tela de sombra.

A Vriesea platynema var. flava não tem sinónimos enquanto a espécie Vriesea platynema tem apenas um sinónimo;


 
Esta espécie goza de uma grande capacidade para ser cultivada como epífita e presta-se a composições sobre árvores ou muros, criando belíssimos efeitos paisagísticos quer em locais sombrios como os mais soalheiros.

Neste caso, a haste floral surge sem a coloração avermelhada e as flores apresentam pétalas amarelas. A grande variedade de cultivares obtidos a partir desta espécie impressiona e confunde os menos conhecedores. Diria mesmo que sem a floração, este exemplar poderia ser confundido com a espécie Vriesea gigantea. Repare no padrão das folhas tão aproximadas à espécie apontada. Este é um exemplar que adquiri e prontamente floriu. Foto do autor de 2006.
 Quando esta planta floriu deparei-me com a dúvida na sua verdadeira identidade uma vez que a sua haste floral quase provaria que se trata de uma V. jonghei. Porém, a questão foi resolvida uma vez que esta espécie não se encontra à venda nos viveiros nacionais. Foi esta a prova mais convincente e eliminatória relativamente à identidade da planta.
  Em cima e em baixo, a floração de um exemplar de V. jonghei. Fotos não do autor.

 


  Em baixo, o confronto entre as duas espécies; a Vriesea platynema var. flava e a Vriesea gigantea com dimensões semelhantes, embora esta última tenha crescido bastante até florir em 2012. Fotos do autor de 2006.

Em baixo, outros exemplos de Vriesea platynema  var. flava. Fotos não do autor.


 

As seguintes fotos de Vriesea platynema publicadas no endereço http://sites.google.com/site/florasbs/home foram captadas na região de São Bento do Sul no estado brasileiro de Santa Catarina, na zona mais meridional daquele país.. Mostram um exemplar no seu ambiente natural e confirma a versatilidade desta espécie em produzir floração variável, principalmente na coloração. As plantas que encontramos no mercado são fruto de melhoramentos, cruzamentos e híbridos conseguidos ao longo dos anos nos principais viveiros do mundo. Esta é a razão pela qual veremos diversas apresentações desta espécie às quais identificamos como Vriesea platynema.









 


















Vriesea platynema var. platynema.


Tem uma vastíssima área de distribuição que se estende desde as ilhas das Caraíbas (Cuba, Jamaica, Trindade e Tobago), passando pelo continente sul americano desde a Venezuela, Guianas, Brasil até ao norte argentino, sobretudo na província das Missões ou Misiones no seu idioma original.

Segundo a base de dados de Kew, Royal Botanic Gardens tem como sinónimos os seguintes táxones;

O sinónimo mais comum ainda empregue pelos horticultores e viveiristas é Vriesea platynema variegata,designação que leva a muita confusão por efectivamente parecer uma variedade variegada.
Esta é a Terceira espécie analisada neste capítulo dedicado à Vriesea platynema. E é também uma extraordinária bromélia de grandes dimensões com uma haste que poderá chega aos 50 cms de altura. As flores com brácteas avermelhadas ou roxas com pétalas amarelas são muito vistosas. As suas folhas longas e levemente arqueadas oferecem uma coloração verde escuro com veios brancos das extremidades até ao centro. Nas pontas e na página inferior tem uma cor púrpura forte. É uma das mais interessantes desta espécie de bromeliáceas.



Note que esta espécie surge com muitas apresentações no mercado dando origem a muita dificuldade em identificar a espécie com rigor. Como as imagens em cima reproduzem (fotos não do autor), os indivíduos variam consideravelmente na forma e nos tons das suas folhas. Por vezes, os padrões são diferentes aumentando a complexidade na sua identificação.
Existem formas vermelhas e amarelas e de acordo com a coloração da haste floral, as folhas também apresentam tons diversos e padrões distintos. Todas as fotos não são do autor.

Sendo esta espécie tão diversificada entre os cultivares que aparecem no mercado, não será problemático encontrá-la seja em viveiros de plantas ornamentais, seja através da compra pela internete. Uma sugestão de compra on line é o seguinte sítio alemão;  http://bromelien-westermann.eu/vriesea_14

De seguida um elenco vasto e surpreendente dos cultivares mais populares e comercializados. A ideia é de documentar com um grande número de imagens os diversos cultivares para que seja facilitado o processo de identificação por parte do leitor. A questão da identidade dos cultivares é um assunto que ultrapassa o rigor científico e somente tem interesse na conclusão de que se trata de exemplares cuja espécie original é a Vriesea platynema.





Todas as fotos aqui apresentadas sobre os cultivares não são do autor.



Vriesea platynema 'After Glow' é um cultivar que resulta do cruzamento entre a V. hieroglyphica X V. platynema var. variegata. Ressalta pela cor avermelhada das suas folhas pontiagudas e púrpura na extremidade. Da V. hieroglyphica herdou os rabiscos típicos desta espécie. As flores de um vermelho intenso com pétalas amarelas surgem numa haste floral com cerca de 1 metro de altura.
Vriesea platynema 'After Glow'. Fotos não do autor.
Repare neste outro exemplo de Vriesea platynema'After Glow' cuja cor é predominantemente verde-claro mantendo, contudo, a mesma designação que a identifica como cultivar. Este é um outro caso que confirma a terrível dificuldade para o leitor conseguir identificar o seu exemplar com precisão. Foto não do autor.

Vriesea 'Angela' é um cultivar de origem pouco esclarecida mas com o parentesco da Vriesea platynema.Tem como característica desta espécie, a página inferior avermelhada na base.
Todas as fotos não são do autor.


Vriesea platynema X V. platynema ‘Delicious Stitchery’é outro cultivar muito semelhante a outros introduzidos no mercado, o que levanta as maiores dificuldades na correcta identificação deste cultivar.
Vriesea platynema X V. platynema ‘Delicious Stitchery’ (foto não do autor)



Vriesea platynema 'Rubra' é um cultivar gracioso com folhas verdes azuladas levemente arqueadas com extremidades de cor púrpura que preenchem igualmente a página inferior das folhas. A haste floral chega aos 50 cms com inúmeras brácteas avermelhadas com pétalas amarelas.
Vriesea platynema 'Rubra' (foto não do autor)
 





Vriesea platynemax V. saundersii variegata foi conhecida por Vriesea saundersii x V.bituminosa variegata e ainda lança muita discussão na designação correcta. Entre os Estados Unidos e a Austrália acende-se um vivo debate em designá-la ainda por Vriesea platynema’RoRo’.Este assunto é pouco relevante na minha opinião senão para tomar conhecimento da discórdia e saber reconhecer um exemplar a partir das propostas aqui referidas.
Vriesea platynemax V. saundersii variegata (foto não do autor)

Vriesea platynema ‘RoRo’ teve provavelmente origem nos Estados Unidos e aproxima-se muito ao cultivar anteriormente descrito. Relaciona-se com outros cultivares designados por 'Highway', Highway Beauty' e 'Shiraz'. Algumas fontes afirmam ser um único cruzamento, a Vriesea platynema x V. saundersii.




Vriesea platynema ‘RoRo’ (foto não do autor)


Vriesea ‘Highway Beauty’ (V. platynema x V. saundersii) é origem de muita discórdia entre autores norte americanos e australianos, que com frequência invertem a formulação do parentesco e aventuram-se em debates muitos complicados para determinar a identidade correcta deste cultivar. Vriesea ‘Highway’ é o nome para as plantas não variegatas.

Vriesea ‘Shiraz’ (Vrisea platynema x V. saundersii) é outro cultivar tão próximo do anterior quanto à Vriesea ‘RoRo’.O facto de alterarem a formulação do parentesco dita as formas variegatas que por vezes circulam. Outros autores consideram ser a Vriesea bituminosa o principal parentesco e não a Vriesea platynema.


Vriesea 'Aussie Magic' (V. platynema var. variegataX ? ) soberbo cultivar de folhas totalmente verdes e haste floral com 1 metro de altura de cor vermelho intenso.

Vriesea 'Casper' (V. gigantea X ?V platynema) é uma extraordinária planta conseguida com o parentesco da Vriesea gigantea o que lhe confere uma dimensão característica desta espécie.



Vriesea 'Dusty Shadow' [(V. platynema x V.fenestralis) x 'Charles'] X (V. platynemax 'Red Chestnut') é um cultivar de origem muito complexa cujas folhas apresentam um pó que cobrem parte das folhas.



Vriesea 'Eden Glade' conseguida a partir da V. platynema var. variegata.



Vriesea 'Erotica' é um cultivar de origem incerta com parentesco na Vriesea platynema.



Vriesea 'Filagree' foi criada a partir do cruzamento entre Vriesea fosteriana X Vriesea platynema.

 

Vriesea 'Frost Bite' criada a partir da Vriesea platynema var. variegata X V. fenestralis apresenta folhas terminadas com manchas escurecidas de belíssimo efeito.



Vriesea 'Goblin' resulta do cruzmante o entre a V. platynema var. variegata X V. gigantea.









Vriesea 'Golden Plaits' teve origem entre a V.guttata X V, platynema.

Vriesea 'Gwydonia' (Vriesea 'Red Chestnut' x platynema) X Vriesea flammea .


Vriesea 'Hawaiian Sunset' foi conseguida a partir da Vriesea platynema var. variegata X V. fosteriana var. seideliana.







Vriesea 'Jarrah' tem origem incerta na Vriesea platynema? X ?



















Vriesea 'John Hirota' é um cruzamento entre a ( V.hieroglyphica x platynema var. variegata) X Vriesea 'Hawaiian Sunset'









Vriesea Jungle Jade' resulta da Vriesea platynema (variegata) X Vriesea hieroglyphica.


 





Vriesea 'Karamea Granada' resultou do cruzamento entre a Vriesea platynemaX V. guttata









 
 

 


 

 
 

 

 








Etimologia:
O género foi nomeado em homenagem ao médico e botânico holandês Willem Hendrik de Vriese (1806-1862). Gigantea é a designação em latim para grande.

 

 

Referências bibliográficas:
STEENS, Andrew; Bromeliads for the Contemporary Garden
http://fcbs.org/articles/ColdHardyBroms.pdf     (Tom WOLFE, Tom; KAHL, Cold Sensitivity of Some Bromeliads.)
http://registry.bsi.org/?genus=vriesea&id=8358#8358 Bromeliad Cultivar Register Bromeliad Society International



 
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