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Episódios de comparação de Lisboa Tropical
Episódios de comparação de Lisboa Tropical
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Parece estranho olhar estas imagens e acreditar que Lisboa pode aproximar-se de um episódio tropical, tal como nos habituámos a ver em livros e publicações sobre casas, viagens e turismo. Mas sucede e esta situação que não pude testemunhar ao vivo, descobri-a, aleatoriamente, num sítio de venda de habitações.
Como me apraz muito viajar através do Google Earth para conhecer as partes mais privadas e íntimas da cidade de Lisboa, onde jamais poderei ir, pois são espaços sem acesso público como quintais, terraços ou jardins, os quais, por vezes, guardam jóias botânicas e paisagens únicas às quais, nós portugueses, somos pouco sensíveis, acabo por encontrar situações como aquela que irei descrever, e que me deixam francamente embevecido com a permissão do clima de Lisboa.
É o caso desta extraordinária casa que, pelo enquadramento, cativou de imediato o meu olhar. O interior, por si só, é excelente, porém rematado pela possibilidade de toda aquela beleza se estender por aquelas janelas fora, torna-a inigualável e incrementa assustadoramente o seu interesse.
A soberba vista atira-nos para um paralelo muito mais meridional daquele onde nos situamos. Sugere seguramente um clima tropical no exterior, ainda que estejamos no Inverno Lisboeta que pode, com alguma regularidade, chegar aos 5ºC.
Sem querer reparar em demasia na arquitectura interior, distingo a sensibilidade deste autor ao reforçar o interesse que cada janela representa enquanto moldura de uma composição arbórea muito particular. Estas são limpas de obstáculos que nos permitem deliciar o exotismo das arecáceas de grande porte e idade que compõem o jardim.
Lisboa e, de certa forma, todo o território litoral de Portugal, permite estes exercícios onde se quer a reprodução de paisagens e ambientes tropicais. As espécies ali cultivadas são bastante comuns nos jardins portugueses, e por tal, não é difícil a construção destes espaços.
Identifico um belíssimo exemplar de Howea forsteriana (Ilha de Lord Howe, Austrália) e uma vulgar, embora actualmente ameaçada pela praga do escaravelho vermelho, Phoenix canariensis (Ilhas Canárias). Estes dois indivíduos localizados entre a vegetação exuberante de árvores de diversas espécies, também elas, já adultas e com um crescimento visivelmente selvagem ao logo do tempo, criaram uma atmosfera especial que nos lembram as florestas urbanas das cidades tropicais do globo.
Notável a limpeza do espaço que se complementa com a luminosidade e exuberância do ambiente vegetal tropical exterior. Em baixo, confirma-se essa complementaridade a que me refiro, quando as linhas depuradas entram em confronto suave com a riqueza do jardim selvagem.A casa, com dois pisos, aproveita-se incansavelmente da profundidade que o jardim lhe proporciona. A perspectiva acaba sempre por ser orientada em favor do exterior. Volto a sublinhar esta característica como conceito ainda por explorar no nosso país. A sociedade consumidora não está atenta a este aspecto que também regula a qualidade de vida numa habitação, a par de todas as comodidades que esta possa oferecer. Neste ponto regista-se, infelizmente, um atraso da sociedade portuguesa em relação às demais europeias, mais exigentes na relação e envolvência da arquitectura com a natureza. Por outro lado, as empresas construtoras e imobiliárias insistem em menosprezar esta mais-valia, tão elementar quanto essencial, a qual aumenta o valor patrimonial do bem que se preparam para transaccionar, como promovem melhor ambiente ecológico e paisagístico para o país.
Como se projecta esta relação entre o interior e o exterior? Creio que estas imagens inspiram qualquer interessado neste conceito. Contudo avanço alguns conselhos para que de um modo eficaz se transforme um espaço ajardinado num espaço privilegiado e complementar na elaboração do espaço interior.
As imagens documentam como o jardim, ainda que bastante negligenciado, exerce uma forte influência no ambiente tropical que se pretende para desfrutá-lo desde o interior da habitação. A falta de variedade não impede a construção de um jardim exuberante. Aliás, estou em crer, que esse é um erro cometido com insistência entre os paisagistas, jardineiros e conceptualistas nacionais. A escolha de três ou quatro espécies de grande porte, em número suficiente para que se agrupem, e mesclados com árvores, de preferência de folha perene, é o bastante para que este exercício tenha um bom resultado.
O segundo passo é a escolha das espécies que passam por alguns requisitos: crescimento rápido, grande resistência à secura estival, pouca manutenção e folha perene.
A foto em baixo, aplica-se como exemplo na oportunidade em aproveitar conjuntos ou indivíduos de grande porte cuja sua raridade e dimensão transformam a paisagem de um jardim vulgar, num ambiente tropical. Neste caso, a singularidade reside no típico desenvolvimento desta espécie de Phoenix, em que vários estipes, erroneamente designados por troncos, crescem a partir de um centro único. Este exemplar é insigne pela poporção que atinge. Afortunadamente encontra-se com boas condições fitossanitárias e comprova que terá ainda um longo período de vida.
A altura desta palmeira, embrenhada nas frondosas copas das árvores envolventes, permite um magnífica perspectiva desde o interior da casa. Naturalmente, não existem disponíveis no mercado exemplares com aquele porte, porém, já é possível adquirir idênticos cujo conjunto apresenta uma envergadura considerável, prontos para permitir a realização de um jardim tropical com maturidade.
O espécime deste artigo encontra-se na Lapa, em Lisboa e dificilmente poderá ser observado publicamente. Por conseguinte, e para uma melhor noção sobre esta espécie, na fotografia seguinte, demonstro um outro exemplar que se localiza num jardim público, no Largo Barão de Quintela, ao Chiado, também em Lisboa, no qual deixo a sugestão para que qualquer interessado possa admirá-lo.
A fotografia em cima foi registada em 2009 pelo autor. A espécie em questão é uma Phoenix reclinata (África tropical até à África do Sul, Comores, Madagáscar e sudoeste da península Arábica). Note-se um dos estipes amparado por uma estaca. Na natureza, esta palmeira tendencialmente tomba pelo chão.
Em cima, fotografia tirada no Jardim Botânico de Lisboa, em 2006, onde se percebe a exuberância das enormes folhas desta espécie, tão apreciada como exótica tropical em jardins Lisboetas. A sua colocação entre palmeiras ou árvores de folha perene tem um excelente impacto visual final. Nesta situação, os rebentos laterais jovens foram mantidos o que produz maior volume ao grupo de plantas, e por conseguinte, melhor aspecto estético.
Em baixo, optou-se por limpar a base de cada planta pondo a descoberto o caule. Esta preferência despe a planta de volume diminuindo a impressão exuberante que procuramos na vegetação. Pessoalmente entendo que não deverão ser removidas as folhas inferiores e rebentos juvenis, sob pena de eliminarmos a profusão e frescura característica desta espécie.
Os taxonomistas ainda não são unânimes na identificação desta espécie, havendo botânicos que defendem a existência de uma outra espécie, Strelitzia nicolai (Leste do Zimbabué e leste do Botsuana, Moçambique até à província de Kwazulu-Natal, na África do Sul), cuja a diferença da espécie abordada, é extremamente difícil de avaliar. Em todo o caso, ambas são indicadas para o paisagismo e apresentam as mesmas vantagens no seu cultivo. A floração branca justifica a denominação de Strelitzia alba. Fotografia do autor, Penina, 2008.
Continuando o elenco de espécies que poderão compor uma paisagem tropical num qualquer ambiente ao longo da costa portuguesa, com características que permitam o seu fácil cultivo e rápido crescimento, incluo:
Strelitzia alba (Província do Cabo, África do Sul). Em baixo, neste registo fotográfico do autor de 2007, um exemplar cultivado isoladamente corrobora o exotismo que procuramos empregar com o cultivo de indivíduos desta espécie. Nos viveiros portugueses encontraremos bons exemplares de grande porte adaptados a qualquer local de cultivo e capazes de sobreviver sem problemas a zonas climáticas do litoral, um pouco mais adversas.
Em cima, fotografia tirada no Jardim Botânico de Lisboa, em 2006, onde se percebe a exuberância das enormes folhas desta espécie, tão apreciada como exótica tropical em jardins Lisboetas. A sua colocação entre palmeiras ou árvores de folha perene tem um excelente impacto visual final. Nesta situação, os rebentos laterais jovens foram mantidos o que produz maior volume ao grupo de plantas, e por conseguinte, melhor aspecto estético.
Em baixo, optou-se por limpar a base de cada planta pondo a descoberto o caule. Esta preferência despe a planta de volume diminuindo a impressão exuberante que procuramos na vegetação. Pessoalmente entendo que não deverão ser removidas as folhas inferiores e rebentos juvenis, sob pena de eliminarmos a profusão e frescura característica desta espécie.
Os taxonomistas ainda não são unânimes na identificação desta espécie, havendo botânicos que defendem a existência de uma outra espécie, Strelitzia nicolai (Leste do Zimbabué e leste do Botsuana, Moçambique até à província de Kwazulu-Natal, na África do Sul), cuja a diferença da espécie abordada, é extremamente difícil de avaliar. Em todo o caso, ambas são indicadas para o paisagismo e apresentam as mesmas vantagens no seu cultivo. A floração branca justifica a denominação de Strelitzia alba. Fotografia do autor, Penina, 2008.
Em cima, registo de 2007 na Rua das Pretas, em Lisboa. O apreciado desenvolvimento veloz e as suas longas folhas, lembrando bananeiras, torna-a muito apropriada para recriar ambientes tropicais. A robustez e a surpreendente resistência ao vento, seca e a grandes amplitudes térmicas sazonais colocam-na no topo das escolhas para a realização de jardins.
Exemplares desta espécie devem ser plantados na proximidade de janelas ou estrategicamente posicionados de modo a que sejam observados desde o interior das habitações. O efeito é verdadeiramente surpreendente e com bastante facilidade consegue-se reproduzir um ambiente tropical.
Seguimos para outras espécies indicadas para este objectivo: Archontophoenix cunninghamiana e A. alenxandrae. (Estado de Queensland, Austrália), duas propostas bastante fáceis de encontrar no mercado nacional, estas palmeiras têm a enorme vantagem de crescer relativamente rápido e manterem a volumetria da copa. São bastantes úteis para locais pouco amplos e muito apropriadas para serem cultivadas próximas das habitações. Deste facto, resulta a vantagem de se conseguir, desde o interior, uma perspectiva muitíssimo interessante e de elevado sentido estético.
Em cima, foto do autor, Penina, 2008. Em baixo, registo na margem sul do Tejo, 2007.
A imagem superior revela uma situação muito pouco frequente em Portugal. O construtor destas moradias em banda, teve a sensibilidade de plantar um exemplar de Archontophoenix cunninghamiana na entrada de cada habitação, o que produz um efeito bastante agradável e harmonioso naquele conjunto. Por outro lado, a vista desde o interior recai sobre as folhas dos exemplares, suavizando a proximidade das outras construções. Certamente que esta decisão, que a meu ver, foi meramente ocasional, colaborou no processo de venda das casas. Um factor muito importante insistentemente desprezado no nosso país. É sobejamente sabido que a imagem paisagística contribui fortemente na escolha do comprador quando procura uma habitação.
As duas fotos de autor, captadas no Jardin Histórico La Conceptión, em Málaga, no ano de 2013, são uma inspiração na conjugação de espécies, capazes de revelar uma boa resistência a épocas de intenso frio, baixa manutenção, rápida adaptação ao novo local e com belíssimo efeito paisagístico. O contraste de cores entre as folhas azuladas da Brahea armata (México) e da Archontophoenix cunninghamiana com o característico verde intenso, oferecem-nos um panorama muito estético, com a vantagem de manterem essa coloração ao longo do ano. Naturalmente, o número de exemplares requeridos para a composição é elevado, aumentando exponencialmente o valor do investimento inicial. No entanto, o resultado final é imediato e bastante provocador de emoções.
O agrupamento de Dypsis lutescens (Madagáscar) é uma solução que exige maior cuidado no cultivo, já que se trata de uma palmeira que se ressente das baixas temperaturas. Quando bem sucedida cria um ambiente perfeitamente tropical e, talvez, a mais atraente de todas as propostas. Estas fotos são do Jardin Histórico La Conceptión, de Málaga, registos do autor de 2013 e consubstanciam a possibilidade de ser possível o plantio no exterior em climas como o de Lisboa e Algarve.
A interessante ligação das duas Howea forsteriana com as grandes Syagrus romanzoffiana (Brasil e nordeste da Argentina) num cenário tropical de fácil cultivo e manutenção. A foto do autor, de 2007 retrata um aspecto do Jardim Botânico de Lisboa. Este conjunto não se destaca pela raridade mas pela sua beleza. Planear o seu cultivo junto à edificação não traz qualquer risco para a construção e do conjunto podemos criar um impacto visual muito curioso desde o interior. Em baixo, confirma-se o à-vontade com que noutros países se cultivam espécies de grande porte junto a edifícios. A foto do autor de 2011, regista um pequeno arranjo paisagístico na ilha de Maiorca, em Espanha. A vizinhança das plantas à construção é encarada como natural e despida de preconceitos que, em Portugal, defendem danos irreparáveis causados por estas. Ultrapassada esta questão, vejamos como a localização das plantas junto aos edifícios adoça a agressividade dos materiais artificiais e promove um efeito cénico para quem observa a natureza desde o interior.
As duas fotografias, em baixo e em acima, do autor e de 2009, foram tiradas na Batalha, onde o clima é bastante rigoroso. Contudo, é também possível ali reproduzir um episódio tropical à semelhança do que acontece na região de Lisboa e Algarve. Assim se conclui que em toda a costa portuguesa, o clima permite o exercício que aqui exploro. Note como o alinhamento de repetidos exemplares de Syagrus romanzoffiana dissolvem a frieza da parede e, em simultâneo, ganham notoriedade.
Segue, em baixo, um outro exemplo de uso de indivíduos cultivados junto de construções, desta vez, o testemunho fotográfico de uma rua da cidade de Porto Alegre, no Brasil, foto de autor de 2012.
O agrupamento de S. romanzoffiana tem sempre um efeito visual muito estético e as imagens, registadas pelo autor no Algarve em 2007, comprovam-no.
Nesta proposta, é criado um ambiente denso de árvores frondosas e de copa muito compacta, neste caso trata-se de Ficus rubiginosa ( Estado de New South Wales, Austrália) e de Ficus microcarpa (Ceilão, Índia, sul da China, Ilhas Riu-kiu, Austrália e Nova Caledónia), que servem de fundo para a perspectiva que pretendemos reproduzir a fim de evidenciar o protagonismo das palmeiras. Foto do autor de 2007, no Parque Eduardo VIII, em Lisboa.
Outra sugestão onde o mesmo princípio é respeitado, com esta foto do auto, do Parque das Nações, em Lisboa, 2011. A árvore à esquerda é um imponente exemplar de Erythrina caffra (Província do Cabo e KwaZulu-Natal, África do Sul) com exuberantes flores escarlate, porém com a desvantagem de ter folha caduca. Os dois especímenes com floração rosa velho, são Bougainvillea arborea (Brasil), espécie que também apresenta a desvantagem de produzir enormes quantidades de lixo no momento em que as suas flores terminam o ciclo.
De regresso à habitação em análise, repare-se como o jardim é alvo de pouca atenção, sem qualquer tipo de investimento, consequência da postura portuguesa em menosprezar o paisagismo. Apesar desta falta de brio humano, a natureza demonstra a sua imponência ao oferecer panoramas absolutamente belos desde o interior da casa. Imagine-se neste espaço cultivado com as espécies acima referidas, devidamente alinhadas de modo a que a melhor vista exterior seja apreciada no conforto do interior. A exposição das plantas é importante para que a paisagem desenhada sirva de fundo e simultaneamente de ligação entre os ambientes criados dentro e fora da construção.
As possibilidades são enormes nesta área exterior. A arquitectura da casa presta-se para se integrar em jardins exóticos de sabor tropical, tal como é proposto com o exemplo de um ambiente fotografado em São Paulo, no Brasil, de pequenas dimensões mas muito bem realizado e de elevado bom gosto. Todas as espécies utilizadas são cultiváveis no clima de Lisboa e Algarve.
Em baixo, uma outra perspectiva que mostra a forte união com o jardim.
Na imagem seguinte, podemos apreciar a proposta que escolhi para, virtualmente, aplicar àquele espaço de Lisboa. O resultado dispensaria qualquer descrição e comentário adicional, pois a imagem falaria por si.
Reitero a informação de que todas as espécies empregues neste espaço são compatíveis com o clima de Lisboa e Algarve. Passo a identificar:
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